quinta-feira, 6 de junho de 2013

DEPOIMENTOS sobre as Experiências de Leitura e Escrita


O início de tudo...

Os relatos que denunciam e evidenciam essa prática tão inerente do ser humano...


A contaminação dos textos e da gente dentro deles.



1º DEPOIMENTO por CIDA MOTA


Não me recordo com que idade comecei a ler e nem qual foi a minha primeira leitura. Mas sei como foi desenvolvido em mim o desejo e a paixão por ela. Meus queridos avós talvez nem saibam disso, ambos já não estão mais entre nós há muitos anos, mas foram eles que indiretamente me influenciaram no mundo da leitura, nordestinos e analfabetos,  pediam para que eu lesse para eles, muitas vezes eram cartas que eu escrevia para seus parentes que ficaram na Paraíba, outras vezes era a leitura das cartas recebidas por esses parentes, e outras vezes ainda eram os livros de literatura de Cordel que vieram na mala junto deles, quando saíram rumo a São Paulo. Foram eles que me apresentaram essa riqueza literária que é o Cordel; eu viajava pelo mundo de fadas, castelos, serpentes mágicas, príncipes, princesas e acima de tudo pela riqueza vocabular e rítmica desses textos.


Eles acreditavam que eu estava fazendo um favor a eles, mas na verdade eles é que estavam me fazendo um grande favor e estavam me presenteando com toda aquela riqueza cultural, pena que não tive tempo suficiente para amadurecer tudo isso e agradecer a eles, mas quero fazê-lo agora através desse depoimento; eu é que me sentia importante, eles dependiam de mim para aquelas leituras e escritas, eu, uma criança e ter tanta importância assim! Na fase da adolescência lia de tudo, gibis, jornais,devorava livros de romance "água com açúcar" vendidos nas bancas de jornais, e tantas outras coisas.Parafraseando Fernando Pessoa - será  que valeu a pena? "Toda  leitura" vale a pena se a alma não é pequena. Tudo o que "devorei", como bem disse Rubens Alves, serviu para fazer de mim o que sou hoje, sou feita de pedacinhos de pessoas, pedacinhos de personagens, de autores, enfim,  me sinto uma colcha de retalhos.



2º DEPOIMENTO por THAÍS MOTA DINIZ


Subversão, transformação, descoberta, transcendência, absolvição...
O contato com a escrita e a leitura liberta-me de grilhões inconscientes e expandem a minha mente além de limites reais.
Recordo-me de uma citação do mestre Cabral que consegue mensurar parte do que sinto: 


Escrever para mim é uma coisa infernal. Preciso estar com muita sede. Sem escrever eu não existo, é como muleta para o aleijado.” 

Peço licença para incluir nesse processo também a leitura, pois a encontro como necessidade, razão para prosseguir...
Partilho da “anarquia mental” sofrida por Danuza Leão, pois os rótulos e as definições encarceradas não conseguem me prender. Os clássicos são fundamentais, mas não posso esquecer-me das minhas primeiras leituras com toda a fruição citada por Barthes, e ela aconteceu com o “Feliz Ano Velho” do Paiva.
Recomendação de meu pai o devorei em dois dias... E senti-me tão próxima do Marcelo que ali compreendi o que era a humanização do Cândido e anos depois, recordando a experiência, entendi a o processo catártico de Aristóteles, sentindo a “tragédia” do protagonista.
A minha fuga e perdição... Os meus momentos, únicos, individuais e coletivos ao interagir com personagens que depois da página 77 tornam-se membros da minha família.
O meu processo de autoconhecimento, de abstração, de reflexão e de solidão...



Parte II



Quando criança, recordo-me de estar na sala do dentista e de todos ao meu redor estarem lendo. Aquilo de algum modo me desafiava a imitá-los, mas eu ainda nem era alfabetizada e como podia fazê-lo? Então eu peguei uma revista e comecei a olhar as letras e pra fingir a leitura, eu cantava uma música do "indiozinho" para mim mesma, só para poder movimentar a boca e falsificar a prática. 
Aquele dia, de alguma maneira, marcou uma busca que até hoje não teve fim... Depois de alfabetizada mantive uma relação de amor e ódio com os livros... Ódio porque me atrevia a ler aquilo que ainda não entendia e quando isso acontecia, eu logo desistia, mas o bom é que não durava muito tempo...
Até conhecer na adolescência o depoimento de algumas pessoas que revolucionaram a minha relação com a literatura... Descobri a "Christiane F", no auge dos meus 13 anos e me senti a mais poderosa das adolescentes por conhecer a história dela... E daí em diante, desembestei... Aprendi a "anarquia mental" da Danuza cedo, e fui convivendo com o Marcelo Rubens Paiva e o Machado na mesma proporção... Vaguei muito, de Coelho até Verne... até conhecer João Cabral... com ele descobri que não podia mais viver sem aquele contato...
A minha escrita não podia ser diferente também... Num primeiro momento um relaxo só, até perceber que eu podia conquistar "coisas" com ela... Logo ela virou um primor, a letra redondinha e a persuasão uma amiga... Na adolescência ela me consolou por muitas noites, era o meu exorcismo, eu vociferava, berrava, bramia escrevendo, somente no papel, a fala era muda. 

Com os anos vieram as teorias, as técnicas, as normas e confesso que elas me tolhiram um pouco, mas sobrevivi ao medo, encarcerando meus assombros com as regras e assim pude transcender os limites que eu mesma impunha...
Hoje me permito errar...









3º DEPOIMENTO por SUELI PEREIRA DA SILVA



Me recordo de minha infância quando estava na 1ª série com 7 anos de idade, a 1ª professora que se chamava Carmem, jamais vou esquecê-la, ela ensinou-me a ler e escrever. Quando aprendi a ler queria ler tudo, lembro que o 1º livro que li foi: "Histórias de Tia Nastácia" de Monteiro Lobato, a história foi tão cativante que tinha a impressão que estava participando dela. E após isso, queria mergulhar nos livros. Outro livro que marcou muito foi: "Cristiane F", li quando estava no ensino médio (antigo 2º grau).






De qualquer forma, sempre há algo ou alguém que nos influenciem e incentivem na leitura e escrita e isso é de extrema importância, principalmente como professores conhecedores dessas habilidades que os alunos devem e são capazes de ter.

Concordo plenamente com o depoimento do ex professor da USP de Literatura: Antônio Cândido "A literatura enriquece a nossa percepção e nossa visão de mundo" e com a entrevista do Gabriel, o pensador que a avó o ajudou a ler, ou seja, a família o incentivou e também com a ajuda de sua professora.


4º DEPOIMENTO por ELIS REGINA RIBEIRO



Antes de ler os depoimentos ou ouvi-los, resolvi fazer uma seleção das pessoas indicadas e definir quem eu poderia observar primeiro. Cheguei à conclusão que o primeiro seria Gabriel, o pensador e depois Gilberto Gil. Percebi que o depoimento de ambos era muito parecido, pois os dois artistas, através de situações cotidianas foram levados a conhecer, se interessar e aprender a leitura ainda crianças na casa da avó. Então me identifiquei de imediato, pois foi exatamente isso que aconteceu comigo. Na casa de avós, tios e tias, amigos próximos é que tive contato com os famosos “causos”, histórias reais ou imaginárias, não sei, contados no interior, por pessoas muitas vezes sem domínio da leitura ou escrita, porém com uma sabedoria de vida infinita.Para a leitura do depoimento, escolhi Antonio Cândido pela admiração que já tenho por ele. E qual foi minha surpresa! Ele afirma que a leitura traz um processo de “humanização”, leva-nos ao “exercício da reflexão (...), o afinamento das emoções (...), a capacidade de penetrar nos problemas da vida (...), o cultivo do humor”. 

Tudo aquilo que senti quando teimosamente e insistentemente pedi à minha mãe que me levasse a uma escola, pois eu queria conhecer mais e mais histórias e poder lê-las e contá-las aos outros também, aos cinco anos de idade!A minha sorte foi que amiga da minha mãe era professora da escola municipal no sítio onde eu morava e começou a me levar à escola como sua “ajudante”. Os alunos eram muito maiores que eu, e frequentavam uma classe multi seriada. A professora Lídia começou a me observar e aplicava as atividades referentes à primeira série para mim e eu fazia todas as lições e comecei acompanhar os alunos da turma. Então, ela levou meu caso à coordenação da escola para me matricular, mas a resposta foi negada  pela idade. Mas como a professora Lídia é uma pessoa maravilhosa ela não desistiu. Levou minhas atividades e mostrou a todos. Então, foi pedido que esperasse eu completar seis anos, no mês de junho, e então conversaria com Secretaria de Educação do município.Meu presente de aniversário naquele ano, foi poder me matricular na escola, pois já sabia ler e escrever. Graças à minha linda professora Lídia, ao término do ano letivo, eu estava promovida com nota 100 em nas matérias de Português, Matemática e Estudos Sociais.Ps. Tenho o boletim guardado de lembrança!


Sítio do Picapau Amarelo


A Turma do Sítio do Picapau Amarelo 


Conheça os mais famosos personagens da literatura infantil brasileira e seu criador!


Imagine você agora em um sítio, longe da poluição e da correria das cidades grandes.Lá, você vai ouvir as fabulosas histórias de Dona Benta, uma velhinha simpática, e brincar com seus netos, Pedrinho e Narizinho.
Não se assuste se uma boneca de pano passar correndo e gritando ao seu lado: é só a Emília, fazendo mais uma de suas travessuras.
Nesse sítio, tudo é possível: os animais falam e tem até o Visconde de Sabugosa, um sabugo de milho que é cientista!
E aí, conseguiu imaginar?
Pois esse lugar existe e chama-se Sítio do Pica-pau Amarelo.
Para ir lá não precisa sair de casa: basta abrir os livros de Monteiro Lobato, o maior escritor de histórias infantis que o Brasil já teve.
Seus livros encantam crianças há cerca de 70 anos. Pergunte a seus pais: com certeza, eles cresceram ouvindo essas histórias.
Nos livros de Monteiro Lobato, há uma fascinante mistura do folclore brasileiro com o de outros povos.
Com a turma do Sítio do Pica-pau Amarelo, você fica conhecendo não só as curiosas criaturas que habitam nossas florestas, mas também personagens da mitologia grega, como Hércules. E ainda encontra velhos conhecidos seus, como Peter Pan, Popeye e o Gato Félix.
Entre uma aventura e outra, você descobre mundos incríveis, graças ao pozinho mágico de pirlimpimpim, fabricado pelo Visconde.
Com uma pitada desse pó, você pode ir a Hollywood, a terra do cinema, ou conhecer a Grécia Antiga e encontrar o Minotauro, criatura mitológica que é metade homem e metade touro.
É pouco? Que tal então ir à Lua e ver que a Terra é mesmo azul ou diminuir de tamanho até ficar da altura de um inseto?
Parece ficção científica!
Além de divertidas, as histórias de Monteiro Lobato são instrutivas, recheadas de informação: a viagem à Lua é uma aula de astronomia; enquanto você conhece a Grécia, descobre a História. Com a turma do Sítio, aprender é uma aventura.

Monteiro Lobato ficou muito famoso pelas histórias que escreveu, mas fez também livros para adultos. Em um deles, inventou Jeca-Tatu, um caipira sem instrução. Com ele, o escritor tentava chamar a atenção das pessoas para as más condições de vida de grande parte da população brasileira.

O autor também traduzia histórias de escritores estrangeiros, como Alice no País das Maravilhas, As Viagens de Gulliver e Robinson Crusoé.
Além de escritor e tradutor, Monteiro Lobato foi diplomata, jornalista, advogado e fazendeiro.
Ele nasceu em 1882, em Taubaté (São Paulo) e até que morresse, em 1948, se preocupou muito com os problemas do Brasil. 

Foi uma das primeiras pessoas a se engajar na preservação da natureza e lutava para que as pessoas tivessem saúde, educação e uma vida mais digna.

Um comentário:

  1. Lembro quando era criança e já frequentava a escola a 1ª historinha que ouvi e assisti (pois passava na TV) foi o sítio do pica-pau amarelo e jamais vou esquecer. Que historinha mais cativante.

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